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A Socioeconomia solidária e as Práticas de Vida Humana _ um diálogo em construção -Manfredo Araújo de Oliveira – UFC

A Socioeconomia solidária e as Práticas de Vida Humana _ um diálogo em construção.

Manfredo Araújo de Oliveira UFC.

Introdução: considerações sobre o lugar da economia na vida humana.

O ser humano se experimenta como uma tarefa da construção de si mesmo a partir da própria significação de sua existência que lhe é presente enquanto ser espiritual. Portanto, ele sabe de si mesmo antes de tudo como uma exigência de construção de seu ser, da criação de uma configuração de si mesmo no mundo das relações que o constituem, no diálogo universal com os seres cujo sentido se lhe manifesta. Assim, ele começa a ser na construção de suas relações com a alteridade, com o outro de si, o outro natureza, de que ele também é parte,  e com o outro ser humano. Então, se o ser humano é o ser que se tem que construir a si mesmo pela mediação de sua própria ação, esta necessidade é antes de tudo uma “necessidade natural” porque o ser humano é um sujeito vivo, parte da natureza e, portanto, tendo que se reproduzir materialmente através da mediação da natureza. Ele é assim um ser carente, isto é, um ser que tem necessidades naturais a serem satisfeitas, o que significa dizer que a história, o espaço em que o ser humano se situa e  portanto o espaço em que ele luta por conquistar-se como ser livre, começa com a “luta pela vida”, pela conquista das condições materiais de seu ser.

A partir daqui um primeiro critério emerge como princípio norteador da vida humana: entre os diferentes fins que se manifestam como candidatos à sua escolha devem ter primazia aqueles que efetivam sua vida e isto fornece o horizonte para uma primeira articulação de uma hierarquia de bens: as necessidades básicas têm prioridade em relação a qualquer outro tipo de necessidade. Trata-se aqui da gênese do sujeito enquanto sujeito livre: a satisfação das necessidades deve ocorrer como um momento neste processo e deve ser compreendida como ato de liberdade através de que, pelo trabalho, o ser humano transforma a natureza imprimindo seus fins às coisas e delas se apropriando para a satisfação de suas necessidades. Nesta perspectiva, o trabalho emerge como momento no processo de gestação do ser humano como ser livre e se abre o espaço para a compreensão do sentido da atividade econômica na vida humana: estar a serviço da satisfação das necessidades materiais básicas e, enquanto tal, ela é mediação da gestação do ser livre. Assim a ação econômica, enquanto situada na esfera das ações do sujeito livre, tem uma dimensão ética própria irredutível à eficiência técnica por maior que seja a importância da técnica na vida humana, pois compete à dimensão ética valorar a própria atividade técnica.

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